sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

A VANTAGEM COMPETITIVA DE UMA LIDERANÇA TRANSFORMADORA

A liderança transformadora tornou-se crucial no ambiente de negócios em movimento que caracteriza o século XXI. Recursos financeiros, tecnologia, definições estratégicas ou acesso a determinados fornecedores já não sustentam a competitividade das organizações. O que de fato, diferencia é o jeito da empresa ser e fazer- é a articulação entre estratégia, processos, estrutura e pessoas, que é sustentada pela cultura organizacional. Este é o papel do líder transformador, articular e movimentar de forma integrada essas diferentes dimensões organizacionais que são "coladas" pela cultura, criando desta forma vantagens competitivas sustentáveis.

Existem duas principais fontes de energia que movimentam as pessoas: o medo e a aspiração. O medo pode produzir mudanças significativas em curtos períodos de tempo. Nesse tipo de modelo, o controle externo é fundamental para gerar e garantir a ação. Por outro lado, a aspiração impulsiona, gera visões promissoras, grandes expectativas e reúne melhores condições para persistir como fonte contínua de aprendizagem e crescimento profissional. Nesse sentido, a autodisciplina é fundamental e substitui o controle externo. No Brasil, o poder tem sido mais freqüentemente usado para controlar as pessoas, não criando, portanto, um contexto para a utilização plena do potencial e do comprometimento de cada uma delas.


O poder que orienta a ação da liderança transformadora tem o significado de "eu quero", "eu posso" e "eu vou" iniciar e sustentar as ações que modelam o futuro, traduzindo a ambição estratégica em realidade concreta. Criar significado para o movimento de transformação, para o trabalho de cada um, impulsiona as pessoas, desperta o desejo no indivíduo de modelar o futuro. Mais: cria espaço para expressão de sua capacidade de realização, estimula a busca de novas formas de atuar e dá o poder de fazer e participar. Neste modelo não existe espaço para o medo crônico, para o medo de pessoas que detêm mais poder. Práticas gerenciais que ampliam a autoconfiança e as competências do indivíduo aumentam sua sensação de poder e ampliam a efetividade desse poder. O líder transformador contribui fortemente para que as pessoas se desenvolvam, capacitando-as a transcender seus limites.

 Não existe líder sem liderados voluntários. Portanto, a legitimação da liderança vem dos liderados, representando uma conquista. As pessoas seguem voluntariamente um líder; permitem que ele as lidere quando se identificam com seus conceitos, aspirações e expectativas. A essência da liderança é a capacidade de construir e sustentar esse relacionamento, que é interativo e significa troca, influência e persuasão. Liderar é também a capacidade de mobilizar as pessoas na direção de uma aspiração comum, trazendo significado para a vida delas.

 Há traços comuns entre verdadeiros líderes. Pesquisas indicam alguns traços mais freqüentes nos líderes em muitos países. Reanalisamos esses traços a seguir, enfatizando ou entremeando alguns aspectos, na perspectiva da liderança transformadora. "Visão de futuro, capacidade de compartilhar sonhos e de criar significado". Credibilidade. Age inspirado por valores como a justiça e gera confiança.

 "Relacionamento mobilizador". Ao relacionar-se, o líder tem a capacidade de mobilizar o coração e a alma das pessoas. Um dos principais requisitos para obter isso é a comunicação competente. "Comportamento agridoce". Gera sofrimento, mas ajuda a cuidar dele. "Alto grau de autoconhecimento". Ouve sua voz interior, conhece e reconhece seus pontos fracos.

 Além desses traços, nas pesquisas foram ainda identificadas algumas outras características importantes. Líderes de sucesso têm ambição e são bem-sucedidos- afinal, ninguém gosta de seguir gente malsucedida. Nem todos são líderes o tempo inteiro e em todos os lugares; isso depende dos valores, do contexto em que o indivíduo está e da dinâmica dos grupos.

 É importante dizer que, apesar desses traços serem comuns nos grandes líderes- e fundamentais nos líderes transformadores- em diferentes partes do mundo, o significado de cada uma das palavras que os definem difere nos diversos países. Por exemplo, ser "agridoce" no Japão vai ter determinado impacto no comportamento do líder, mas na França ou na Rússia o efeito é outro. Em síntese, o que mobiliza a alma e o coração dos brasileiros pode ser diferente do que mobiliza a alma e o coração de outros povos.

 Converse francamente com você mesmo: está desempenhando o papel de líder transformador ou apesar de um discurso moderno e alinhado com essas tendências ainda faz valer- mesmo que de forma disfarçada- o "manda quem pode e obedece quem tem juízo?"


Betania Tanure e Priscila Soares são professora da FDC/Puc Minas e consultora, respectivamente. 

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